domingo, 29 de julho de 2012

Para Raica

Seu sorriso gigante de olhos acolhedores faziam com que eu me sentisse amada não importando qualquer erro meu, você só queria carinho, algumas palavras infantis docemente entonadas e aí então você entregava seu coração canino. Nossos passeios me orgulhavam, você me orgulha, você foi a criatura mais meiga que eu já tive a honra de conviver, todo mundo te adorava, eu te amo, sinto muito sua falta, me sinto mais sozinha quando estou sozinha em casa, pois antes tinha você, sinto que não fiz tudo que podia fazer pra você continuar aqui, eu sinto muito. Desculpa não ter dado tudo de mim pra te salvar, pois eu sempre soube o quanto você é importante e daria tudo pra ter o seu sorriso de volta. Fica em paz minha princesa. Acho que agora estou conseguindo te dizer adeus.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vodca de Ouro

Eram seis, eram três casais em um quarto, levados pela lua e pela necessidade de ser feliz. A metade da vodca que sobrou da festa passada havia acabado, consumida por um jogo em que o ganhador dificilmente levantaria para comemorar.
As duas da manhã, de mãos dadas, os seis em pares saíram por avenidas atras de mais alcóol, um desespero aventureiro e amigo, nem todos bebiam e tais se dotavam do cuidado com aqueles que já pouco respondiam por si. Andando desordenadamente, passaram de bar em bar sem conseguir, até que um deles pegou um moto táxi e foi até um posto não tão longe dali e os outros com pouca coragem voltariam para o quarto de onde saíram.
Eles conseguiram em um retorno de avenida, o integrante que havia ido cumprir a missão, voltou sentada na moto, erguendo como um troféu a vodca, a vodca de ouro. Normalmente tal vodca seria 6 reais, mas no auge da loucura foi pago pela mesma, 20 reais. Felizes  e cansados os jovens colocaram o troféu na estante e adormeceram.

domingo, 11 de março de 2012

Caso

Pele em pele

Que as vezes me repele

Pernas em um jogo

Sincronia proibida

Calor e fogo

Cena colorida

Eles vêem colorido

No escuro não vejo cor

Dança

Corpo

E quem sabe o amor

Vergonha morta

Linguagem torta

Passeio das mãos

Um acelerar da pulsação

Sussurrar

Faltar o ar

Rir lá dentro

Sorrir de boca aberta

Congela-se momento

Chega-se à meta

Mirabolante

O bater da porta defeituosa que só fechava quando se trancava a chave,incomodava, mas Soraia tinha preguiça demais para se habilitar a levantar da cadeira em que ela quase se deitava, ela comia chocolates americanos e assistia seu seriado inglês predileto, em quarenta e alguns minutos ela não se preocupava com suposta vida que perdia lá fora, sozinha em casa com a cadela dormindo ao lado, a garota sentia falta do barulho dos parentes, o mesmo barulho que ela havia odiado quando lhe acordou de manhã bem cedo.
A dor de cabeça que lhe perseguia por semanas já parecia parte do seu espírito, já a dor no seu coração, aquela já lhe transtornava o espírito. Laia, quando pequena, tinha mania de ficar em baixo da mesa comendo laranjas, quando achava uma azeda tinha orgulho de não fazer caretas, ela tinha orgulho das coisas simples, como elogiarem um desenho seu, tinha orgulho da felicidade momentânea de alguém que saboreou a comida que ela preparou, tinha orgulho da beleza de um bolo que ela confeitou ou de uma foto de ângulos que só pessoas que a entendem acham o máximo como a mesma. Para Soraia, que se travestia de complexidade, a felicidade era simples.
Ingressos de cinema comprados, Soraia esperava sua melhor amiga, Raíssa. Assistiriam uma comédia romântica, para variar, já que as duas ficavam felizes de chorar juntas vendo um drama, quanto mais real,melhor. Durante o filme Soraia via no rosto de Raíssa o sorriso que ela queria que fosse causado por ela, apesar de que muitas vezes o era, mas não da forma como ela desejava e como ela o desejava. A pipoca do cinema com gosto de isopor fazia Soraia desejar um fogão portátil, sem falar no gosto industrial do sanduíche do mc donald's que lhe faziam querer seus sanduíches caseiros, no momento ela queria o seu inventado sanduíche de purê de batata, frango e queijo, mas parou por um momento de viajar e logo subiu em outro trem e pensou: 'Por que eu viajava em comidas mesmo? Não há nada que eu quero mais do que o sorriso da acompanhante que viaja comigo.'

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A prova de teorias

Eu quero tirar o peso do teu sono para que ouças seu celular anunciando as minhas mensagens pela madrugada e quero não ter que me cobrir com o lençol dos pés a cabeça para me proteger de medos que logo acabariam se você ali estivesse, eu quero ouvir qualquer nomeação carinhosa da tua boca, não meu gélido nome próprio, não quero tentar entender o que não se pode.
Quero te apertar em um abraço e esmagar a saudade entre nós e então me afastar o mínimo até que eu possa ver teus olhos e nos teus olhos ver os meus, pois vejo a perfeição em todos os seus defeitos, eu vejo o mar daquela tarde no começo de namoro, vejo ao fechar os olhos, quero abri-los e ver você.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Água e Fogo

Em um lago onde o sol reina, andavam de nadadeiras e pinças dadas, um peixe,um caranguejo e um escorpião, o peixe muitas vezes taxado de 'besta' e ingênuo, era,é, apenas bom, e por isso carregava pelo lago em uma valiosa folha,o caranguejo e o escorpião,até que o cansado peixe percebeu que o caranguejo o fazia andar para atras e o importante escorpião acabou apodrecendo a folha com o seu veneno quase mortal. O peixe os conhecia,só não esperava que eles usassem suas pinças contra suas entregues escamas.
O navegante coração do peixe se postava estremecido, a água não tinha a mesma beleza, a margem do lago lhe parecia atraente,o lago não fazia mais sentido e com toda a força da fraqueza o peixe nadou até a superfície,foi a a margem e pulou para fora do lago e esperou morrer sem água,já que o buraco no seu coração não o matava de uma vez, foi ai que ele viu o sol, pelo menos ele pensava que era,mas só o parecia,também era feito de fogo, o peixe virá um lindo e orgulhoso leão,tão cheio de si,como todo leão que se prese deve ser,como um instinto, pulou de volta para água ,não queria fazer aquele papel na frente do forte leão.
O leão e o peixe se tornaram mais que amigos,apesar dos mundos diferentes que os conflitavam,mas com pouca admissão do leão,ele queria ter guelras para viver no mundo do peixe,como assumidamente o peixe as vezes queria viver na selva leonina. O peixe vive estufando mais os olhos quando o leão ruge sem razão, e o leão acha um absurdo quando o peixe enche mais o lago com água salgada de seus olhos,fazendo dele um mar, mas não tem nada que os dois gostem mais do que dividir a margem do lago e assim vão adiante,o peixe tentando apagar o fogo infinito do amarelo e preguiçoso leão e já o leão tenta evaporar a água profunda da sensíbilidade pisciana e bem se vê que isso vai durar até que ambos dissolvam na terra e o vento os leve.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vale

Telas inacabadas de cores vivas, postas em desalinho pelo quarto, como se Valéria fizesse várias coisas a prestações, retiro o termo 'como' ,ela assim as faz mesmo.
Desde pequenina vivia regada a arte, via a mãe se apresentar em teatros e seus tios pintarem quadros de arte moderna, a menina, um pequeno botão, rodopiava com seu vestido com estampa de rosas, bailava como se pétalas saíssem dela, o sorriso largo, de amostra abundante, combinava com seus cachos independentes como o sol no cenário de verão. Lela, ainda, assim chamada, se banhava em tinta guache nas tardes de domingo, sem outras crianças por perto, ela criava pessoinhas no papel e no mesmo papel criava a felicidade para elas.
Lelinha cresceu e as telas de Valéria são como portas para ela e se muitas vezes ela não termina é porque não encontrou o a chave que é dela, as pessoas não estão mais no papel e a tinta guache não colori o mundo inteiro, sai com água, Valéria mais uma vez se torna Lela e tem planos mirabolantes de jogar uma bomba gigante de tintas no mundo inteiro, como fazia com as bombinhas de festa junina meladas de tinta estourando no papel, ela quer um mundo como um papel, branco, de paz, uma A4 onde caiba todas as pessoinhas e os sonhos delas, mas enquanto não dá pra fazer a vista, ela cultiva cores a prestações.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Meu cavalheiro

Ele sorrir com todos os músculos de sua face, mesmo achando que lhe falta músculos no resto do seu corpo, andando bem vestido, vestido bem para ele, seus fones de ouvido grudados na orelha parecem até uma parte do seu corpo esbelto, todas as cores parecem transbordar em seu coração, tantas cores, como na capa do CD de uma das suas bandas preferidas.
Quando todos estão dormindo,o garoto, pretenso homem, tem a madrugada aos seus pés, sentando com as pernas estiradas em seu quarto, onde cavalheiros a postos nas pratilheiras lhe guardam, afinal uma alma de caranguejo mergulhado em caldo de peixe precisa de cuidado e proteção, não que tal alma não seja forte, mas toda sua fortaleza está no amor , as pinças do caranguejo se agarram com toda força em sentimentos bons, então, que bom que esse caranguejo existe.
No mês do escorpião,eu,um peixe, conheci o caranguejo e ele me pareceu um ponto luminoso no meio da praia sem luar, juntamos nossas águas,nossas idéias,nossos dramas e corações aquáticos. Fizemos um mar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Noventa e um pouco mais


Tenho 20 anos, quer dizer,estou prestes a completar 21 em fevereiro, para a minha alegria depois do carnaval, acredite, não é nada legal fazer aniversário em pleno carnaval, sabe aquelas festas com tudo o que você quer quando se é criança, eu tive algumas, na minha festa de 9 anos com a temática do piupiu (onde eu estava com a cabeça?) tinha de tudo inclusive um bolo branco com florzinhas coloridas e em cima uma gaiola de alumínio com o piupiu de marzipã no balanço,lembro como se fosse ontem, a festa tinha de tudo, menos convidados, todos viajavam, era carnaval.
Minha memória é ótima, mas como tudo tem seu lado bom e ruim,com a minha memória não é diferente, percebe-se logo aqui, quando começo relatando um pequeno trauma, acho até graça de como as lembranças ruins me parecem mais detalhadas, não que não me lembre bem das boas, lembro sim, como quando tinha 6 anos de idade e tudo parecia mais empolgante, como ler, afinal havia acabado de aprender e assim lia qualquer palavra que passava a minha frente, placas, anúncios nas ruas, nada me escapava. Era dezembro de 1997 e em uma tarde apressada saia de casa para alugar meu vestido de colação de grau, com direito a luvas,tiara de 'brilhantes' e sapatos brancos, dias depois estava as 8 da manhã no salão de beleza para que tentassem realizar a impossível missão de cachear os meus 'cabelos de petróleo' (como chamava minha tia) e então acabei saindo de lá as 3 da tarde com um quilo de laquê, milhões de presilhas e pseudos cachos. A noite seria todas aquelas apresentações,orações e 'blablablas' e no final a tão esperada valsa com meu pai, que havíamos ensaiado por semanas com inúmeros rodopios e sorrisos alegres e ali era hora, arranjamos um canto,pois só ali havia o espaço necessário, então, com uma pequena platéia ao nosso redor de professoras e familiares, estreamos a valsa mais linda do mundo, pelo menos para mim. Lembro da cara do fotografo, baixinho e com bigodes que congelou o tempo e esse tempo materializado na fotografia que reavive minhas boas memórias, é esse tempo que passa e me cresce, que leva o que eu era,que faz o que eu sou, que dança valsa comigo todos os dias, estreia um novo sol, anuncia novas leituras da vida e é ai que eu vejo que não aprendi a ler com 6 anos, eu aprendo a ler todos os dias.