A dor de cabeça que lhe perseguia por semanas já parecia parte do seu espírito, já a dor no seu coração, aquela já lhe transtornava o espírito. Laia, quando pequena, tinha mania de ficar em baixo da mesa comendo laranjas, quando achava uma azeda tinha orgulho de não fazer caretas, ela tinha orgulho das coisas simples, como elogiarem um desenho seu, tinha orgulho da felicidade momentânea de alguém que saboreou a comida que ela preparou, tinha orgulho da beleza de um bolo que ela confeitou ou de uma foto de ângulos que só pessoas que a entendem acham o máximo como a mesma. Para Soraia, que se travestia de complexidade, a felicidade era simples.
Ingressos de cinema comprados, Soraia esperava sua melhor amiga, Raíssa. Assistiriam uma comédia romântica, para variar, já que as duas ficavam felizes de chorar juntas vendo um drama, quanto mais real,melhor. Durante o filme Soraia via no rosto de Raíssa o sorriso que ela queria que fosse causado por ela, apesar de que muitas vezes o era, mas não da forma como ela desejava e como ela o desejava. A pipoca do cinema com gosto de isopor fazia Soraia desejar um fogão portátil, sem falar no gosto industrial do sanduíche do mc donald's que lhe faziam querer seus sanduíches caseiros, no momento ela queria o seu inventado sanduíche de purê de batata, frango e queijo, mas parou por um momento de viajar e logo subiu em outro trem e pensou: 'Por que eu viajava em comidas mesmo? Não há nada que eu quero mais do que o sorriso da acompanhante que viaja comigo.'
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